COMPANHIAS

A lua cheia, bela e magnífica,

Resplandece no céu, solitária,

Por companhia o brilhante Vésper,

Viajante do escuro firmamento.

Vejo-os enquanto caminho

Também solitário, errante

Na avenida suja, esburacada

Descuidada por pessoas indiferentes

Abandonada pela desidiosa Administração.

Saio do trabalho cansado, suado,

Apesar de tudo, ainda empregado

Penso em chegar a casa, aquecer o jantar

Ouvir o noticiário falacioso, manipulador

Acarinhar o cão velho, doente (coitado).

Tentarei, novamente, dormir

Na cama, agora vazia, triste e enorme

Onde calores antigos, já saudosos,

Fizeram-me prazerosa companhia.

A lua fitou-me:

Talvez lesse meus banais pensamentos

E, desinteressada, fatigada - escandalizou-se? –

Agora se esconde na nuvem acinzentada

(amanhã teremos chuva, creio).

Sigo pelo caminho poluído,

Minhas companhias são os pensamentos,

Os carros barulhentos e pedestres cabisbaixos

Tão entediados, como eu estou,

Dessa Constância da vida.

*Poema publicado na coletânea de poesia "Palavra é Arte".

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Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 01/04/2017
Código do texto: T5958630
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