COMPANHIAS
A lua cheia, bela e magnífica,
Resplandece no céu, solitária,
Por companhia o brilhante Vésper,
Viajante do escuro firmamento.
Vejo-os enquanto caminho
Também solitário, errante
Na avenida suja, esburacada
Descuidada por pessoas indiferentes
Abandonada pela desidiosa Administração.
Saio do trabalho cansado, suado,
Apesar de tudo, ainda empregado
Penso em chegar a casa, aquecer o jantar
Ouvir o noticiário falacioso, manipulador
Acarinhar o cão velho, doente (coitado).
Tentarei, novamente, dormir
Na cama, agora vazia, triste e enorme
Onde calores antigos, já saudosos,
Fizeram-me prazerosa companhia.
A lua fitou-me:
Talvez lesse meus banais pensamentos
E, desinteressada, fatigada - escandalizou-se? –
Agora se esconde na nuvem acinzentada
(amanhã teremos chuva, creio).
Sigo pelo caminho poluído,
Minhas companhias são os pensamentos,
Os carros barulhentos e pedestres cabisbaixos
Tão entediados, como eu estou,
Dessa Constância da vida.
*Poema publicado na coletânea de poesia "Palavra é Arte".
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