FLAMEJANTE

FLAMEJANTE

 Fogo

na noite.

mão terrível

no abismo.

é o céus sem

 olhos?

Versos na carne.

Em meus versos

não há versos,

há vermes.

O POÇO

quatro dias isolado num sítio

pus me a pensar,

Qual o sentido do amor?

meu amor é indiferente

como uma dose

de água ardente.

meu amor não pega fogo

como outros amores,

meu amor é morno

é meu coração não é forno.

ouvi pássaros á cantar de

cantandores

sobre o arvoredo lindo

não sei cantar como eles,

faço vezes oração de delirio.

deste que nasci

é sempre assim,

é um certo pensar,

um certo sofrer, sem porquê.

sem querer saber ouço

eu vou eu volto,

mas no fundo

não há fundo neste poço.

TODOS OS OLHOS

Já faz tempo

que olho você.

Não com olhos

de caros amigos,

mas o olhar explícito

cheio de desejos

de encher lhe de beijos

e de nos tornar um só espírito.

Ah se eu tivesse o poder

de entrar em você,

 lhe fazia parar com essa teimosia

de não querer me amar

e à obrigaria me olhar

com todos os olhares

de amor e paixão.

Porque não?

RAPPER, O HOMEM SOLITÁRIO

“Fui criado na periferia sou da periferia, sou irmão das esquinas vêem o sorriso da mãe na janela vazia.

Lagrimeja a vontade de dormir, cansaço d” alma, morte aos acontecimentos sobre coisas do por vir.

Triste sangue sem vinho do menino; corpuns mortuns sob a antena de celulares um filho.

A Ira deste cara suburbano sem coluna certa, medos, com pedras no rim, água na preula. Carnes exposta nas quebradas da barriga aberta.

Junto as salinas seu tempero no rosto que mora dentro deste novo efeito, sem nome e posta as mãos obre o peito.

Na sala a cristaleira quebrada, nos ventos os beijos nas grades nada ela estava errada.

O pranto da menina sem vestido ou calcinha, o sol sem gotas de chuva no pasto sem gado apenas uma cruzinha.

O estrondo do trovão malvado, folha germinada alucinada de um jatobá solitário no alto do morro, faminto e solto vai um uivo de um cachorro.

A lagrima que rola da mãe solteira, com o filho deitado magro sobre a esteira.

No rosto a careta a espera do correio sentimental, na cerca sem mourão o barraco pintado de cal.

Na porta pinchada que pede casa, na entrada da cadeia geme a alma no catre que fala.

Cabelo afro em desespero da paixão, homem solitário sem chave e moído no pilão.

Moinho de vento faz da farinha sua profissão, boné vermelho em sua fronte, perpassa sob seu eu na prisão.

Nas cercas dos barracos de madeira, nas casas de ricaços, carne parda, desejo do mundo, pau de aroeira.

Seus sonhos são nulos na madrugada fria, aonde os milagres são apenas utopias.

Se a perfeição de um deus ateu, não há piedade para uma virgem estuprada que morreu.

Presa fácil do ódio e das ironias, as lagrimas das mães das freguesias.

A saudade é um ritual de pedra que curva, aos delírios a dor na alma turva.

Ele levanta cabeça contemplando o horizonte, vendo suas culpas nas palavras de silencio dos brutamontes.

A ladainha das velhas de uma rua sem saída, não há morte sem vida.

Toda exaltação de seu achado na rua, sua mulher na sarjeta bêbada e nua.

Nos campos e nas covas do consolação, trairagem, falsidade, dor da alma corpo sem coração.

Nas cicatrizes sobre sua pele tatuagem de catedrais. Um não construir, mãos vazias, olhos fixo em seus ais.

No chão de terra batida do barracão, seus desejos não são uma ordem é só mais uma opressão.

Nos corpos vibrantes dos baile ele vê a ação sobre seu interior, ferocidade do sistema, Senhor Rapper há cantar na periferia, sua dor.