A MIM MESMO

Pode não parecer,

mas acredito no que você escreve...

É o teu sangue subindo a escada do céu,

teu veneno descendo a escada do inferno,

a tua música escapando pelos elevadores,

tuas frases escrevendo mapas de absorção,

gotas do teu sentimento criando jardins,

palavras que saem do cárcere e gritam: Liberdade!

Pode não parecer,

mas creio nas suas contradições...

As voltas do parafuso e as contravoltas,

creio nos sistemas, na nova contra-cultura

que o homem busca entre as antigas religiões

e as novas feições espirituais, sua evolução,

um deus de pés de titânio e cabeça de paina,

pode não parecer, mas não haverão túmulos

e nem lápides com inscrições comemorativas,

nenhum nome merecerá tanto ardor efusivo,

só o tempo, esse velho senhor,

a se esquecer das horas perdidas

e a escrever um novo movimento...