FAVO DE MEL

Me empreste um sorriso,

um muxoxo, que não te dê prejuízo,

me dê um dos seus abraços,

aquele que imita o compasso,

faça-me um favor,

me dê uma casca da cebola do teu amor...

Me convide pra ouvir tua prosa,

recite o poema que te fez descobrir a plenitude,

se der, mande lá pra casa um buquê de rosas,

se eu passar e espirrar, por favor, diga: saúde!

Me chame pra ver o mar lamber a praia,

contar quantos voos passam de pássaros sozinhos,

escutar o barulho que faz cada uma das saias

que passa no alvoroço do desejo, pás de moinhos...

Me mande um cartão postal,

um recado no avião de papel,

do outro lado da ponte, um sinal,

como um prêmio, um favo de mel...