putos dos becos
Eu, menino dos becos
Herdeiro legítimo do mal
Cai a noite nas ruas da minha sobrevivência
Chove desespero sobre essas veias de indigência
Eu, rapaz das favelas
Trafico bocados de esperança que restam
Nas entranhas minhas de homem
Que luta contra fome e mazelas
Eu, menino sem sonhos
Na voz de populares impiedosos, estendo
Minha mão a caridade penosa de gente ingloriosa
Para salvaguardar esta vida que vai se rompendo
Eu, rapaz de pouca sorte
Vou virando latas nas avenidas, meu lar
Antes que chegue a fome anunciando me a morte
Ou antes, da noite mandar o frio me devorar
Eu, menino herdeiro das trevas
Onde o sol jamais nasceu, vou catando
Restos desta vivência infernizada
Quem sabe o sol um dia virá me visitar.