O vento da tarde
Um calor sufocante invadiu a casa.
Tudo limpo, mas um zunir de moscas, pegajosas,
E na cozinha minha mãe fatigada.
Um dia de sol quente como muitos!
Pedi que ela se sentasse um pouco, perto da janela,
E tomasse uma limonada bem gelada.
Em meio a nossas vozes, uma cantoria
De pássaros por dentro do cajueiro.
— Estou ficando velha, são bem-te-vis?
Por que, com este calor, eles cantavam...?
Justo, nesse instante, mostrei-lhe o voo rasante de um deles.
E, pensativa e serena, disse-me que iria assistir às novelas.
Sentei-me na calçada. Uma rajada de vento passou,
Agora mais frio, procurando as folhas da árvore,
E a tarde encheu-se da cor do sol se pondo!