Caminhos

Sob os pés, as ruas

E cada estrada estranha que a gente cruza

Avenidas lotadas de gentes desertas

Caminham a esmo, e caminham só por si mesmo.

Nas esquinas as dúvidas

Disputam espaço

Com macumbas nossas de cada dia

E ao anoitecer

Cachorros e putas convivem nos vãos e becos

As horas voam,

Enquanto carros avançam o sinal fechado

Voando no asfalto molhado de chuva

Ou de choro daqueles que tem a calçada como casa

O céu é cinza

O chão é cinza

O prédio é cinza e só.

Não há charme, nem choque

Tudo é mais do mesmo

E cinza é o tom da mesmice

A estrada que corta as vilas,

é barro e chão de terra

As vielas sem luz

É caminho dos vagabundos,

É palco da boemia

A rua outrora morta e vazia

É vida e luz durante o dia

Mas tudo é caos

E dor

Mas em algum ponto também é amor

Pois nos caminhos de curvas e retas

Amor é a única direção correta

Charlene Angelim.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 29/12/2016
Código do texto: T5866242
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