Caminhos
Sob os pés, as ruas
E cada estrada estranha que a gente cruza
Avenidas lotadas de gentes desertas
Caminham a esmo, e caminham só por si mesmo.
Nas esquinas as dúvidas
Disputam espaço
Com macumbas nossas de cada dia
E ao anoitecer
Cachorros e putas convivem nos vãos e becos
As horas voam,
Enquanto carros avançam o sinal fechado
Voando no asfalto molhado de chuva
Ou de choro daqueles que tem a calçada como casa
O céu é cinza
O chão é cinza
O prédio é cinza e só.
Não há charme, nem choque
Tudo é mais do mesmo
E cinza é o tom da mesmice
A estrada que corta as vilas,
é barro e chão de terra
As vielas sem luz
É caminho dos vagabundos,
É palco da boemia
A rua outrora morta e vazia
É vida e luz durante o dia
Mas tudo é caos
E dor
Mas em algum ponto também é amor
Pois nos caminhos de curvas e retas
Amor é a única direção correta
Charlene Angelim.