O poeta da cara amassada
Não acalenta ouvir conversas alheias
Que nada transmitem à consciência.
Não entra em transporte coletivo
Pois tem aversão ao que não se conhece.
Sabe que a cara amassada
Vem com o que não se entende.
Guarda livros em sua estante,
Pois os livros não amassam a sua cara,
Por serem inofensivos.
Usa guardanapo para limpar seu rosto
Pois é cara amassada mas limpa.
Amassa papéis, quando escreve sem nexo
E desamassa sua cara quando escreve direito.
Evita escritórios...
Neles amassam sua cara,
Chefes então nem se fala,
Pois lá vem bofetões.
Assim segue o poeta da cara amassada
À procura de lisuras (sem as grosserias alheias)
A evitar ouvir besteiras
Que diante de si só a família não diz.
Poeta da cara amassada...
Cheio de olheiras e dores na cabeça
De tantos murros de falatórios
Do grupo dos ignorantes.
Poeta gladiador,
Jogador que joga fora qualquer dor
E desamassa a cara com os poemas.