CIDADE III

A cidade é nossa natureza

Acidez que derrete as ruas

Em suas esquinas nuas.

A lágrima no asfalto evapora

Ofusca a vista

A vida em busca de um sinal

Mas a luz no fim do túnel

É sempre artificial

Mais tarde vem a chuva

Em maciço temporal.

Mente cheia a cada instante

Lua cheia, lua minguante

Um eclipse por dia

Para escapar, somente com poesia.

Talvez mais um drinque

Uma dose de paciência

Cada passeio, um passo afora

Pode ser ida sem volta

A nossa liberdade, quanto vale?

A nossa liberdade, onde mora?

Atrás das grades

De nossas casas-gaiola.

Vem crepúsculo

Grasnam as gralhas

Crueldade sem escrúpulos

O medo que alimenta esta cidade

É nosso pedágio

A nossa mora

Eu posso estar errado

Mas o meu ser, o meu ego

Não nego

É bicho encarcerado.

Adriel Alves
Enviado por Adriel Alves em 07/12/2016
Código do texto: T5846707
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