CIDADE III
A cidade é nossa natureza
Acidez que derrete as ruas
Em suas esquinas nuas.
A lágrima no asfalto evapora
Ofusca a vista
A vida em busca de um sinal
Mas a luz no fim do túnel
É sempre artificial
Mais tarde vem a chuva
Em maciço temporal.
Mente cheia a cada instante
Lua cheia, lua minguante
Um eclipse por dia
Para escapar, somente com poesia.
Talvez mais um drinque
Uma dose de paciência
Cada passeio, um passo afora
Pode ser ida sem volta
A nossa liberdade, quanto vale?
A nossa liberdade, onde mora?
Atrás das grades
De nossas casas-gaiola.
Vem crepúsculo
Grasnam as gralhas
Crueldade sem escrúpulos
O medo que alimenta esta cidade
É nosso pedágio
A nossa mora
Eu posso estar errado
Mas o meu ser, o meu ego
Não nego
É bicho encarcerado.