Mudos!
As pessoas fazem barulho e me impedem de pensar
Ou entregar-me à arte da alma humana.
Calem-se, ó, vermes que assombram as minhas tardes amarelas!
Ausentem-se da minha presença:
Morram no trânsito a caminho da farmácia, do mercado,
Ou nas mesas engasgados em suas palavras barulhentas!
Ó, Deus, que escândalo
Fazem eles nos domingos de paz e reflexão!
Cale-se, Mundo dos Homens!!
Deixe a minha alma angustiada
Por esse céu de sépia transbordar-se nas linhas mudas!
Cessem as televisões; cessem os rádios;
As conversas políticas e religiosas dos encontros familiares
(Essas conversas tão sem sentido
E tão iguais!...)
Não agourem os vizinhos - que feio!
Parem aqueles palpites inúteis e os falsos morais:
Unam-se ao silêncio tardio da humanidade,
Pois ela já falou demais por hoje.