Concreto e garoa
Corpos que se desencontram nas tristes ruas de São Paulo
O calor é perdido na umidade
Semblantes do metrô são ignorados
Fone de ouvido para sair da realidade
Fria, inconstante
Você é massa
É perímetro urbano
É tensão do fio do poste
Solto, roubado
Dilacerado pela indiferença
O abandono de vidas pelo amor
Empurrões para notar tua presença
Você é corpo, é matéria
Mas, mesmo assim sua lágrima
É pedra, é concreto
Esbarrei sem querer em alguém
O pedido de desculpas é ignorado
Esquecido na multidão
O calor do ombro ainda permanece
O que esperar de pessoas que nunca têm tempo?
A correria consome o sorriso
O suor escorre pelo pescoço
A vida se esvai no asfalto, sozinha.