O TEMPO

Hoje.

Novo tempo.

Novas perspectivas,

Tão velhas como antes.

Ontem.

Outro tempo.

Outras vidas

Procuravam ser mais importantes.

Amanhã

Pode chover muito

E em minha casa

Existem muitas goteiras

Capazes de me deixar molhado,

Mas sou valioso como diamante.

Não interessa o tempo

O que importa é o vento

Que sopra várias direções

Independente da direção do trem.

Agora estou pensando diferente:

Sou o sumo do nada em órbita

Sou quase tudo querendo ser

Eu mesmo em busca de

Outros sonhos bons.

O vento sopra para longe

A tempestade que existia

Naquele lugar de sempre.

Aqui agora é outro momento,

Mas é preciso remar contra a maré

Antes que ela nos afogue.

Outros tempos bons virão

Nem que seja em relâmpagos

Mas poderão nos trazer

Noticias boas do outro lado de lá

Embora a coisa esteja preta

A branca nuvem do céu

Continua passando livremente

Dando o seu recado como de costume.

O turbulento mar

Amanheceu menos agitado.

Há uma esperança no olhar

Daquela criança triste.

Em cada canto da rua

Uma luz se desponta

Como uma esperança de dias melhores

Aquela velha chama de fogo

Quase se apagou.

Aquela velha chama

Por outros dias melhores.

Estamos no mundo globalizado

E o local é global demais

Mas ainda estamos vivos,

Apesar de tudo.

A força que vem do interior

É capaz de mover montanhas.

O chão faz germinar a semente.

A união faz a força.

A união faz a força

De um sistema falido,

Mas não conseguimos atingi-la.

Ainda é tempo de pensarmos

Outros caminhos viáveis.

O barco não se naufragou completamente.

O mar está revolto,

Mas existe calmaria com o passar

Do tempo.

Nem tudo está perdido.

Há outras direções a serem seguidas.

Falta-nos apenas um pouco de

Consciência dos fatos.

A história se repete.

Só que o tempo e o lugar são

Diferentes.

As pessoas unidas podem mudá-la

De acordo com seus objetivos claros.

O que queremos?

O que propomos?

O que temos a oferecer?

O tempo dirá a resposta, será?

Aqui agora é outro tempo.

É tempo de pé no chão.

É tempo de fazer preces.

É tempo de oração.

É tempo de acharmos que

Todo o tempo é bom, basta

Fazermos dele um tempo bom.

Tudo está em nós.

Nada nos cala a voz.

Somos o que queremos ser

Embora não saibamos viver

Em conformidade com o tempo.

O tempo nos diz sobre quase tudo.

O tudo é apenas questão de tempo.

O nada é a ausência de nada.

Entre o nada e o tudo existe o tempo.

O tempo é a interligação de

Quase tudo quanto existe,

Mesmo naquele rosto triste.

O tempo dá resposta a quase tudo.

O tempo move o mundo e

Pelo mundo é movido,

Mesmo que haja algo escondido

Por entre as peripécias do tempo.

Tem algo de errado no caminhar meio lento.

Tem algo de certo no olhar atento,

Mas o tempo é algo solto no ar

E sua queda é sutil

Que quase ninguém vê.

Posso até tentar filosofar sobre o tempo,

Mas o tempo é muito escasso

Para tal evento

Que fico perdido meio ao vento

Que sopra lá por cima da montanha.

Aquela a criança trazia um galão de leite

Outra criança sorria

E o tempo continuou passando

Enquanto isso eu nem sabia

Ao certo se existia uma certeza

Sobre o tempo que passava

Como uma tocha de luz

Brilhando a escuridão

O brilho do rosto era certeiro

Aquele olhar era verdadeiro

E as flores desabrochando

Era apenas um fato

Que marcava muito

Aquele tempo de primavera florida.

Gostaria de tirar um tempo para

Aliviar minha cabeça.

Gostaria de estar a beira de

Um rio pescando e tomando

Banho em suas águas límpidas,

Mas não tenho tempo.

O tempo é escasso.

Sou quase fracasso.

Sou uma estrela solitária

Sem fogo sem bota sem nota

Sem quase nada.

Tem momento na vida

Que passa despercebido

Como um passe de mágica

Que muda qualquer direção do trem.

Neste pegar ou largar

Nunca se ouviu tantos gritos

Como os de agora em diante.

O tempo continua passando

Como sempre eu disse antes.

O céu agora está azulado.

Não tem nenhuma nuvem.

O sol está meio preguiçoso

Mas segue sua trajetória rumo ao poente.

Aqui embaixo a coisa é diferente.

Há enigmas vezes setenta

Daquilo que aparenta

Sem ser quase nada

Embora o tempo mande para

Muito longe

As únicas chances que tive na vida.

A oportunidade não bate duas vezes na mesma porta.

Sou trem descarrilhado

Querendo encontrar seu trilho

Sou estrela sem brilho

Querendo uma escuridão para brilhar

Mas me encontro meio a tamanha fumaça

Que me torno opaco, tamanha

Ignorância meu redor.

Outros tempos bons virão

E no próximo verão

Poderei estar em outra onda.

As ondas do mar são tantas

São tantas como minhas dores

Sinto uma dor na garganta

Perdi todos os amores

Mas o tempo dá resposta a quase tudo

E nada pode ser o mundo

Construído de pura ilusão

Para que alguém possa viver

Mesmo que isoladamente

Sorrindo todo contente

Como criança vendo o palhaço

Fazendo palhaçada antes do circo

Ir embora.

As coisas mudam de lugar.

As ideias se multiplicam.

Os ensaios de loucuras

São passatempos por demais longos

Em cada esquina

Existe uma suspeita

Com crime quase perfeito

Esquentando as noticias de jornais.

Enquanto isso acontece

Faço uma bela prece

Peço você de volta pra mim

Mas o tempo demora demais

Aqui embaixo pedir minha paz

E lá em cima a tempestade

Continua muito forte.

Sou mais um alguém quase sem pudor

Sou alguém pedindo um verdadeiro amor

Sou alguém que chora noite e dia

Ainda sou alguém que curte uma bela poesia

E por dizer em tempo,

Estamos perdendo tempo

Por não fazermos do tempo

Algo capaz de nos ajudar

A seguir a trilha do vento

Em direção ao tempo bom.

Se bem que tudo na minha vida passa

E meio sem graça

Sento-me de novo na praça

E vejo outras folhas caírem.

O tempo é o causador de quase tudo,

Mas nesse mundo somos frutos

Da quase pura ignorância

Posta à beira da estrada

No final daquele dia chuvoso.

Na realidade, tudo o que nos envolve,

É capaz de nos tornar simples,

Mas se não soubermos utilizar

A sutileza em nosso caminhar,

Poderemos nos tornar chatos e

Cúmplices da vaidade.

O mundo é uma grande escola

Para que os alunos são

Rebeldes demais e não

E não sabem tirar proveito

Do que ele pode nos ensinar.

O tempo marca o compasso

De quase tudo e o nada

Faz piruetas no ar.

Tenho um gosto amargo

Percorrendo o meu ser inteiro

Por quase nada, mas na

Estrada, não podemos seguir juntos.

Escrevo como louco.

Conto as estrelas no céu.

Vivo porque amo viver

Amo porque amar é viver

Escrevo como quem chora

Por um amor distante.

O escrever é meu passatempo predileto.

Sou poeta por gosto e por pirraça

E vejo as folhas caírem na praça

Embora eu não vá embora

Sou a réplica de seu olhar em

Tempos passantes

Como sempre disse antes

Sou a causa de alguma coisa

Sou a coisa que causa.

Ainda que pela força do destino

Sou aquele pequeno menino

Pedindo forças para crescer.

As forças podem chegar a qualquer

Momento.

Qualquer momento desses posso me tornar

Grande

Como muitos outros poetas mortos por aí...

Ao lado de todos esses momentos,

O tempo continua passando

Eu continuo escrevendo

Uns belos e simples versos

Versando sobre quase tudo

Nesse quase nada ausente

Em que a singular poesia

Dá seu recado singelo

Pedindo socorro a sociedade

Pedindo menos crueldade

Pedindo mais felicidade

Pedindo mais sinceridade

Em cada gesto, em cada olhar...

Perde-se tempo com besteiras

Fazem-se besteiras em pouco tempo

Tenho treinado a vida inteira

A jogar versos ao vento

Mas nossa sociedade é meio ingrata

Só dá valor a prata

Depois de mina esgotada

Por isso o poeta vivo não presta

Poeta morto é o que resta

Nessa sociedade de poetas mortos

Poeta vivo é ironia

Poeta morto é alegria

Mesmo assim faço poesia

Apesar da escuridão do dia

Que não deixa a sociedade ver

A importância da poesia

Escrevo poesia porque gosto

Faço poesia porque amo a vida

Gostaria de viver da poesia

Mas a sociedade é inculta

Por isso morro por ela

Enquanto ainda tenho fôlego

Caminho lentamente rumo

Ao sucesso do poeta vivo;

Só parar de caminhar

No dia em que eu morrer

Pela poesia.

Como já disse antes, tudo é questão

De tempo. O vento pode soprar

Para outras direções. O trem

Poderá acertar seu trilho e a

Viagem se transcorrer sem

Transtornos. O tempo promete

Calmaria, apesar das tempestades

Que rondam meu caminhar triste

Muita água ainda vai passar por

Debaixo da ponte. Ainda resta

Uma pequena luz de esperança.

Lá na esquina daquela rua

Existe uma pequena sombra

Aqui o sol tá quente demais;

Quero um lugar à sombra.

Já remei contra a maré

E perdi todas minhas forças

Agora almejo outros horizontes,

Apesar de meu pensamento

Se encontrar ainda na contra mão

As folhas caem para outras

Nascerem em seu lugar

Em mim, algumas ideias.

Estão sendo renovadas

O tempo já me amadureceu

E não mais posso ficar sozinho

Nessa jornada de tempos atrás

Tomo partido de quase tudo

Sou um pouco de cada coisa

Entro em várias salas escuras

E quase me perco por completo

Mas cada nova experiência

Adquiro mais resistência

E daqui algum tempo

Construirei o meu castelo

Fiz minha cama na varanda

Dormi debaixo de árvore seca

Olhei diretamente no sol

Recebi cortes por todos os lados

Meu caminhar foi tortuoso demais

Encontrei muitos sulcos em minha estrada

Também perdi meus amigos

Na hora em que eu mais precisava

Mas continuo olhando firme o horizonte

Em busca de um novo tempo.

Aquele tempo ruim permaneceu

Por muito mais tempo em

Meu caminhar triste, mas agora

Surgem outras esperanças que

Dão sustentação aos meus

Sonhos de antigamente.

Não brigo com quase ninguém

Estou de bem com quase todo mundo

Sou eu mesmo querendo ser alguém

Mergulhado em um silêncio profundo

Para calcular as argúcias da vida

E fazer outros planos bons,

Capazes de dar respostas

Ao momento aqui vivido.

Estou vivendo uma outra esfera da vida

Mudei de opinião outra vez

Quero outra despedida

Antes do final do mês

Nem que eu não saiba mais sorri

Nem que queira só chorar

Vou tentar resistir

Com muita bravura vou lutar

Só que os adversários estão com

Bombas atômicas

E não tenho nem escape.

Corri, corri, corri tanto

E as lágrimas em pranto

É algo que me restou

Neste final de batalhas frustradas.

Atirei no alvo errado

E o tiro saiu pela culatra

Não acertei alvo algum.

Não encontrei ecos e nem ouvidos

Sou quase perdido

Meio a tanta falta de razão

De alguns pequenos imbecis

Disfarçados de intelectuais,

Porém, com o poder na mão

Já não canto como antigamente

Perdi parte de minha alegria

Só que ainda sou a semente

De uma linda e bela poesia

Nascem em mim grandes ideias

Que vão à busca dos sonhos

Rabisco alguns versos literários

Pedindo socorros aos sonhos

Mas a ingratidão de alguns

Quase me derruba de cenário

O tempo continua sendo a mola-mestra

Que puxa a largada para si

Eu puxo o poema para perto de mim

Mas o sonho ainda está por realizar.

Sei que meu sonho é muito bom

Apesar de eu estar meio tatanha

Sinto uma vontade e sorrir

Dos momentos engraçados da vida,

Antes de uma grande tempestade.

Tenho tido uma falta de tempo

Tenho tido um nada ausente

Tenho tido um quase tudo

Após germinar aquela semente

Já plantei a sementinha do amor

Já cruzei muitos caminhos

Já distribui as pétalas da flor

Que plantei com muito carinho

Agora vivo outro momento

Agora procuro outro caminho

Tive meu sonho jogado ao vento

Mas ainda escrevo um versinho

Que bisca dar incentivo

Aquele que vive desanimado

Porque apesar da falta de objetivo

Temos que ter o nosso mundo sonhado

Neste poema de tempo submerso

Tempo dedilhado em verso

De astros em cúpula sonífera

Sonhos sem rastros oníferos

Em tempo de achar

Que todo tempo é bom

Embora eu não vá embora

A busca por outra aurora

Com aquela relva toda molhada

Com teatro lindo na calçada

Daquele plano piloto avião

Denominado Brasília

A nascitura de um novo tempo

Na perplexidade do vento

Com a grande inocência

Naquela adolescência

Em que tudo era nada

E o nada se fazia presente

Na ausência do vazio

Daquele vento meio frio

A voz implícita no tempo

O talvegue com fundo plácido

Na nascitura do privilégio

Com nuvens deitadas no colégio

E o estudante armando a revolução

De tempo em tempo, de quando

Em quando:

Tudo parece querer mudar,

Mas tudo não passa de uma

Nova tentativa

Que se esbarra na falta de amadurecimento

Da sociedade como um todo

O sangue do poeta se escorre em poesia

Em plena luz do dia

Em plena praça sem graça

Em pleno luar de verão

Em pleno frio do inverno

Tudo entre o céu e o inferno

Parece ser o sangue do poeta

Se escorrendo em poesia

Para nós dá um grande recado:

Unamo-nos em protestos contra

As injustiças praticadas pelo

Mundo a fora.

Fora ou dentro de algo estranho

Qualquer que seja o tamanho

Ou dimensão quase exata

Daquela pequena confusão;

Tudo por ir para o ar

Em apenas um piscar de olhos.

Em cada canto da vida

Em cada vida cantada

Temos uma onda preferida

Escondida à beira da estrada

Mas o tempo marca muito

Cada minuto por nós vivido.

Ainda é tempo de Cecília Meireles

Tempo de Vinícius de Morais

Tempo de Manuel Bandeira

Todos lidos pelo poeta Aires

Ainda é tempo de Legião Urbana

De curtir a filosofia Raulzita

Ainda é tempo de Paulo Ricardo

Ouvir a música “Não pare na Pista”

Ainda que o tempo mude a opinião

Luiz Gonzaga ainda é o rei do Baião

Bezerra da Silva é o retrato Carioca

E o Flamengo é o mais querido

Apesar dos muitos títulos perdidos

Ainda é tempo de socialismo ideal

Ainda é tempo de acreditar

Ainda é tempo de Carlos Drummond de Andrade

Em busca de felicidade

Em qualquer tempo, em qualquer lugar

Vejo os lindos poemas de Thiago de Melo

Ser um grande poeta é o que espero

Porque ainda é tempo de poeta

Ouvir Tom Jobin, Caetano e Gil

Gal Costa, Toquinho; aquarela do Brasil

E ver as belezas do mar.

É preciso ter coragem

É preciso ter alegria

É preciso da mensagem

Da mais pura poesia

Dando o seu recado

Por esse tempo bom

Em que a perplexidade

Toma conta do lugar.

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 13/11/2016
Reeditado em 13/11/2016
Código do texto: T5822190
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