Dor de cabeça

Chego em casa

Ainda com os barulhos da rua

E seus ecos

Ressoando no oco da cabeça.

Misturado às lembranças, aos oceanos coloridos

E aos paredões de pedras afiadas.

Quero deitar e colocar tudo

No mudo.

Quero mudar e morar numa casa

Que eu mesma construí.

Quero não ser nada

Nem ninguém

Por alguns momentos

Dias.

Fingir que a partir de um passo

Fora do quarto

Tudo é branco

Sem sombras

Sem buracos

Sem montanhas

Sem vida

Todos os corações batendo em silêncio

Todos os suspiros breves

Todos os pássaros mudos

Todos os cachorros soltos

Todos os carros na garagem

Todas as caixas de som pifadas

A favor

Do silêncio.