ANDO...

Ando por este mundo onde houve revoluções,

estimo mail de cem mil, a liberdade morava em corações

que saiam às ruas, gritavam, pulavam fossos,

a vida mal saída das fraldas, o tempo era moço,

onde hoje capeiam tabuletas que levam a lugares ermos,

descoberta do mundo redondo, hoje em outros termos

se fazem revoluções negociadas, os tiranos são os mesmos,

nunca mais direi saudade quando só restaram lembranças,

éramos nós os destinos, éramos só cosmos, éramos meninos...

Ando por este mundo por dentro de fios secretos,

oásis de games, plataformas, outros tipos de desertos,

os corpos salta obstáculos como cavalos saltam muros,

a erva, a fome, o fruto, a água, o sal, o sangue, tudo era puro,

ando por este mundo como fosse um míssil arremessado

como fazíamos com pedras em lagos felizes, por peixes morados,

ando por este mundo a cumprimentar espíritos que andam vagando,

saem dos computadores, diante dos olhos, mudos, hipnotizando...

O que é andar senão caminhar por alamedas esquecidas

onde as marcas no chão não são virtuais, são pés de vida,

onde o cheiro de mato se evola e entra pelo nariz?

O que é caminhar senão andar por estradas sem rumo

onde avatares no céu suspensos nos dão o prumo

para uma epopeia cotidiana, sei lá se com final feliz?