POEMA SUICIDA
Quando o desgosto começa em agosto nunca termina em setembro...
Os olhos cansados de ler Neruda noite adentro,
os lábios úmidos de gin e lá fora o tempo
desconversa sobre estrelas cadentes...
As páginas amarrotadas e os poemas idem,
as palavras escapando pelas bordas,
um anúncio dizendo que "amanhã...",
e eu, aqui, a soletrar precipícios,
rasgando elogios à loucura,
pensando por que a genética,
conversando com fantasmas
sobre a música de fundo...
Pessoas passam rindo e gritam palavras obscenas,
pelo vão da janela vejo que se abraçam,
pelo vão da minha alma vejo que não se enganam,
equilibram seus espíritos sobre este tempo,
seguem os rituais e sinto que se amam...