POLÍTICA EM CIDADE PEQUENA

A cidade, sempre calma, se agita

tinge-se de cores - faixas e bandeiras.

Olhares desconfiados, sussurros nas equinas

população dividida.

Dormir torna-se algo impossível: carros de som rodam o dia inteiro

com as insuportáveis músicas de campanha;

nunca faltam os candidatos estranhos

e um politiqueiro enjoado que sempre apanha;

tem também os eternos puxa-sacos

que parecem dormir nos comitês;

o candidato que, normalmente arrogante, busca agora demonstrar

alguma camaradagem

e o vira-folha, sempre à procura de alguma vantagem!

E tem as pesquisas!

Feitas pelo maior órgão especializado

em descobrir o pensamento das pessoas: a língua do povo!

Povo, neste caso, é a reunião das pessoas citadas acima,

num banco de praça,

com um pedaço de folha de caderno rasgada, uma caneta Bic azul,

sendo que o politiqueiro que apanha vai falando:

"Fulano é nosso, sicrano é deles".

Paira no ar um clima hostil

as pessoas esquecem parentesco, amizade, religião,

a própria dignidade enfim.

Impera um surto de ideias fixas,

as pessoas não conseguem mudar de assunto...

Passará a política e, para essas pessoas para as quais

eleição é melhor do que Copa do Mundo,

a vida, se não piorar, continuará exatamente igual.

Mas convém mantê-las assim

pois se elas pensassem mudaria nosso quadro social.

É preciso que as coisas permaneçam exatamente iguais

e que as pessoas acreditem que conseguirão mais coisas

se idiotizando do que utilizando suas faculdades mentais!

Isac Hudson
Enviado por Isac Hudson em 24/07/2016
Código do texto: T5707508
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