DESESPERO

De longe ouve-se um tiro

É noite, e eu te desejo

DESESPERO

O motorista arranca

Atropela, então avança

A alavanca, alavanca

A corda da sanidade vagamente balança

Esperança?

DESESPERO

A vida de outrem em mãos

A minha em uma balança

Se novamente não há esperança

Há apenas DESESPERO

Sem modos, sem rodeios

O frio é forte, faz corte

Sentidos alternando pois se tamanha é a falta de sorte

Igualmente será o

DESESPERO

O coração automático

Terrível comando sináptico

Faça esta bomba parar de pulsar em meu peito!

Eis que vejo,

Temeroso,

Desespero.

(São apenas pulmões asmáticos

Sistema parassimpático

Oscilando em linhas turvas

Desespero por desejo

Quão trágico! )