SÚBITA VONTADE DE SER FELIZ
À Camila Camargo
Sou tantos minérios e tantas substâncias
refletidas no andar meio etéreo quase sem deselegância,
poso para ventanias e tempestades passageiras,
sou quase areia, praia sem sujeira,
composto de amor e ternura,
carne fraca por desejo,
sou quem, dourada,
dura...
Tantos vizinhos de parecença semelhosa,
gasto parte do meu tempo a voar por sobre rosas,
respingo, como chuva, orvalho na pedra bruta do sertão,
venho de uma estirpe de lutadoras, procuro, estendo a mão...
Reconheço, entre meus pares, quem voa comigo pelos ares
em busca da justiça que tarda mas não falha,
me consagro ao reino de quem busca comida aos molares,
irmã de sangue do negro corvo e da gralha...
Mais dizer não posso,
só de pensar me dá um troço,
viver num mundo de súbita vontade de ser feliz,
Argos em colmeia de pacíficos aldeões,
nos braços um buquê de corações...