ENTRE AS MÃOS

O único meio de fugir é ficar...

Abrir a camisa e expor o peito a batalhas,

conservar o coração batendo,

fio de imensas navalhas,

é seguir vivendo distante

do silêncio dos caramujos ambulantes,

é caminhar à beira mar e ser constante,

o único perigo é dar-se ao amor,

seja lá como for,

pouco nunca é o bastante...

O único meio de ter é dar...

Repartir com cada paisagem o olhar,

saquear a própria despensa

e repartir a consciência...

O único modo de viver é ver a vida surgir

por entre folhagens e arcos celestes,

ter entre as mãos

o frágil e pequenino coração,

a bater, puro, inconteste...