ALMAS DE VAPOR

Todo dia me sento na praça e vendo versos,

alguns para amores perdidos, outros para considerações;

sinto, sempre, que estamos todos juntos e imersos

onde habitam milhares de sensíveis corações

que ocultam e mostram sua feridas,

almas de vapor dentro de suas vidas...

Quando olho bem fundo nos tristes olhos de alguém,

que quer apenas que mãos lhe afaguem os ombros,

percebo que vamos todos e não vamos indo bem,

o esforço é grande para sairmos debaixo dos escombros...

Resta um verso aqui e outro ali que dizem o que queremos,

um pouco de poeira é disperso e aparece um sorriso;

cada um com suas marcas de corrente com veneno,

um pouco de amor, só um pouco mais é preciso...

Me levanto e saio levando restos de poesia e solicitude,

caminho cambaio por entres olhares como se de cães abandonados,

descubro que, ao homem, resta-lhe senão a menor, a maior virtude,

dar-se como se dá a chuva a um campo seco, de coração árido...