Vendado

Cospe o vômito no sofá de madeira

Quebra a tevê para curar a doença

Molho o rosto cedo na água gelada

Hoje eu não quero lavar o cabelo

Me enrolo com a toalha para molhar de novo

Sento no vaso para ler poesia

Alguém grita " leva o lixo para fora "

Aciono a descarga naquelas palavras bonitas

E difíceis e eu sei que nunca vou usa-las

Não quero limpar as paredes sujas

Nem expulsar os insetos

Não tenho nada à revelar " nunca têm senhor "

Os livros na estante não param de me olhar

Agora eu não quero viajar, não quero sorrir

E nem quero chorar

Mais uma vez o telefone não quer funcionar

Desço da cama e piso no chão frio, descalço

Sem propósito algum.

Pego o jornal afim de me tornar

Um mentiroso também

Não quero usar suas máscaras pretas

Não quero assistir futebol,

Não quero ver a passeata do papa

Cheio de papéis assassinos.

Não acredito em nada do que esse homem

De gravata fala.

Não vou cortar meu cabelo

Não serei um soldado sangrento

Acabei de ser assaltado , IPTU novamente

Água ? Luz ? Roupas novas de marca?

Dessas coisas eu não preciso mais

Dia e noite, limpo ou sujo? Agora tanto faz

Assassinato de reputações em tempos de matar

Unificar as nações para da ponte se jogar

Não quero mais pegar ônibus

Nem respirar a morte

Expelir a vida, abraçar a sorte

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 08/05/2016
Reeditado em 08/05/2016
Código do texto: T5629403
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