Vendado
Cospe o vômito no sofá de madeira
Quebra a tevê para curar a doença
Molho o rosto cedo na água gelada
Hoje eu não quero lavar o cabelo
Me enrolo com a toalha para molhar de novo
Sento no vaso para ler poesia
Alguém grita " leva o lixo para fora "
Aciono a descarga naquelas palavras bonitas
E difíceis e eu sei que nunca vou usa-las
Não quero limpar as paredes sujas
Nem expulsar os insetos
Não tenho nada à revelar " nunca têm senhor "
Os livros na estante não param de me olhar
Agora eu não quero viajar, não quero sorrir
E nem quero chorar
Mais uma vez o telefone não quer funcionar
Desço da cama e piso no chão frio, descalço
Sem propósito algum.
Pego o jornal afim de me tornar
Um mentiroso também
Não quero usar suas máscaras pretas
Não quero assistir futebol,
Não quero ver a passeata do papa
Cheio de papéis assassinos.
Não acredito em nada do que esse homem
De gravata fala.
Não vou cortar meu cabelo
Não serei um soldado sangrento
Acabei de ser assaltado , IPTU novamente
Água ? Luz ? Roupas novas de marca?
Dessas coisas eu não preciso mais
Dia e noite, limpo ou sujo? Agora tanto faz
Assassinato de reputações em tempos de matar
Unificar as nações para da ponte se jogar
Não quero mais pegar ônibus
Nem respirar a morte
Expelir a vida, abraçar a sorte