Solidez de alma
A casa que mora em mim é assim:
entra o sol, passa o vento
e fica o cheiro da chuva de ontem.
Os cordões de luz
afrontam-lhe a solidez
batem contra o chão
e parecem rir das grossuras do frio.
Tudo lá fora mora ali dentro
o ruído do mundo e o espírito de Deus.
As portas e janelas, recostadas ao canto,
fazem sombras, balançando com o tempo.
Sua dor é a de ser alma
de ser corpo e de ser mundo
sempre cheia de vãos
de tanto compilar sonhos.