Corte de cabelo
Cortar o cabelo é revolucionário
Um tapa no ego
Esperança renovada
Aparar os fios exila a ressaca
Da semana passada
Exclui as declarações desperdiçadas,
as ligações ignoradas,
o choro da madrugada
Renova aquele eu vil
empoeirado
Que sucumbiu aos infortúnios
Do mês de abril
Mas isso dura só por um mês
Às vezes dois, talvez
Porque logo em maio despontam
Junto ao crescimento dos novos fios
As lanternas dos afogados,
A companheira noturna,
O coração mal-amado
A soberba noturna
Quer mudar de vida?
Muda o cabelo!
Esqueça as mágoas afogadas naquele copo de cerveja,
naquela taça de vinho tinto
Esqueça a fluoxetina
Deixa a barba crescer
Deixa o indivíduo ser
Se coibir pra quê?
No fundo,
Acho que eu sempre tive
Esse topete na minha personalidade
Pois quando a vida me despenteia
Eu jogo o topete para o outro lado
E sigo em frente
Permita-se.