LÁ FORA O SOL
Temo não ter palavras para quando o sol nascer...
Dou a eles meus olhos, por onde entra, a me aquecer,
dou meu frio que me acompanha, vive nas entranhas,
dou ainda a insaciedade de luz que me toma,
nem quando aperto o interruptor
sinto o verdadeiro calor...
Acendo o fogão para o café matinal,
esqueço de minhas guerras internas lendo o jornal,
quem desce ou quem ascende ao poder não me interessa,
apenas vivo o que sinto e de viver mais tenho pressa,
de escutar música e me oferecer ao inefável sentimento de paz,
resquício de dores se apagam quando penso na possibilidade
de nunca mais pertencer ao cast da natureza,
viver sem medo é muito mais saboroso, tenha a certeza...
Passo os olhos sobre teu poema, escrito com volúpia,
dentro deles ouço pássaros, asas de borboletas,
o riacho que canta sua aquática música:
a vida foi feita para não ficar na gaveta...