NÃO QUERO IR À ACADEMIA
Eu não quero ir pra academia.
De que me adianta envelhecer sentado,
junto a outros mórbidos letrados,
sempre perdendo tempo em teorias.
Eu não quero ir pra academia.
De que me vale o saber e a crítica,
se a revel de mim, vai a política;
se não posso deter a carestia.
Eu não quero ir pra academia.
Estou bem, fingindo ignorância.
Rio dos que alimentam a esperança.
Pra que tentar deter a ventania?
Eu não quero ir pra academia.
Tornar-me um chato catedrático,
ou um economista lunático.
Por que não aguardar a epifania?
Eu não quero ir pra academia.
Estou bem, mofando em meu jazigo.
Retrato de um ausente morto-vivo.
Se a vida é ruim a culpa é minha.