CHÃO

Os meus calçados servem como travesseiro

Deito-me no colchão de pedras

Ajeito-me na esperança de um conforto

Que busco em meio as sujeiras do meu corpo...

Vejo o sol,

Sinto o calor.

Vejo a tarde,

Sinto o ar fresco.

Vejo a lua,

Na vontade que a chuva apareça para me dar um banho

depois de um dia de rua.

Carrego-me vazio

Nas ruas do centro peço um trocado

Minhas paredes são os moços de terno

Que me mostram estar tudo bem nessa cidade

Tão fadigados de suas rotinas

Se atordoam e zelam pelo dinheiro suado.

Dinheiro? Quem dera eu receber algum!

Devo eu ter culpa ou me contentar com o trocado e o bom prato?

Mais um gole de desespero e tá aí o esquecimento

O que eu tinha planejado para o amanhã?

Senão cair mais uma vez no desligamento mental...

Acordo, sozinho, sem precisar de um despertador

Acordo, sozinho e ouço os passos de um homem

Acordo, sozinho e viro-me para não ver alguém são

Acordo, sozinho, olhando para o CHÃO.

-Eliza Costa