Pão
Não tem pão
Nenhum grão
Medo tem
Não enche vazio
Promessa, sim
Encolhe o estômago
Tremor tem vez
Passamento, igual
Mas tem lembrança
Da farinha que faz angu
Pra transbordar de vento
O oco do eco
Na fome chorona
Que não deixa sonhar
Com o feijão que cheirava alegria
Em dias de riso alargado
Nos meninos de cor barriga cheia
Ó Senhor
O pão de cada dia dá-nos hoje
Livrai-nos do mal
Da mão indiferente
Que esmola (im) piedade
Farta de amor
Como falta de pão.
Débora Peixoto