A lagrima do palhaço
Mais um dia que sucede...
Insônia, a mais pura insônia,agonizante,tédio,ansiedade.
Madrugada...
Silêncio
O frio da calada
Na hora mais quente do sono, a luta e os pensamentos de nunca mais acordar.
A minha cama o porto seguro
Hora de levantar acampamento
Enrolo,dobro e enrolo,guardo minha lona e estrada eu vou, horizonte, rumo ao norte , até uma próxima parada em busca de mais um dia perfeito ou um imperfeito, em busca de uma esperança talvez...
A cada parada, venho a divulgar a venda de uma alegria, diversão, harmonia, mágica,magia ou felicidade quem sabe
Para cada olho, uma analise .
No cume do pensar de cada ser, sabem que são e que vivo apenas de truques
Procuro a criança que você é
Chego cantando:
Assento-me.
Terra, calcário, barro ou pedregulhos, nãoO circo chegooooooollllllll vamos todos até láaaaaaaa...
importa, assento-me em um baldio qualquer
Levanto acampamento, estendo a lona conversando com Deus na expectativa de um resultado de uma pequena divulgação ou de uma pequena novidade em um pequeno vilarejo.
Impreterivelmente, preparamos a noite.
Maquiagem pesada, escondem as rugas das noites mau dormidas,as riscas e a marca do tempo,a velhice que chega aos trinta e o homem não vale mais nada fugimos do padrão social.
O circo está aberto, meu trabalho;fazer pessoas sorrir,rir,sonhar, viver e acreditar.
Que contraste!
Aos que prestigiam, chamam-nos os muito loucos, artistas geniais, corajosos, engraçados, sofredores, coitados...
São tão simples!
Ó, os dias estão muito produtivos, muito trabalho, o dinheiro que ganhamos e não recebemos,entra...
Da para pagar a água, alimentação, a luz, o combustível da semana ou até da próxima parada esperança.
Não somos reconhecidos pelo valor da arte, do sacrifício;ganhamos o valor da crise Compreendemos o mundo inteiro talvez, sorrindo,maquiado e de frente...
Não nós damos o luxo nem de sequer ficar doente !
Assim,chega mais um dia de partir em busca do destino tempo ,o qual voa em sua frente e ficamos olhando ele de perto ,sempre perto e sempre longe.
Levantamos acampamento sucessivas vezes, enrolo minha lona,dobro e desdobro.
Ao olhar para todos os meus companheiros, vejo a mesma companheira de sempre:
A fisionomia que grita em silêncio.
Até quando.
Até quando,vamos viver nessa Lida,sempre seguindo ao norte e as coisas não mudam,nunca mudou,nunca mudará!
Até quando?
Nenhum membro de minha família me acompanha, o mundo pregou outros caminhos a eles, suburbanos natos.
De vez em quando, procuro-os, é em vão, estão sempre correndo, o tempo deles voa, coisas de cidade grande.
A solidão é minha mulher, linda, silenciosa, conversa comigo calmamente, sabia.
A cada partida, olho para traz, meus filhos e sua mãe sempre dando tchau, parece que se eu não voltar o adeus foi dado.
É ai que a lagrima do palhaço cai.
Julian Campos