Fiat Lux!
O candeeiro recebeu
a chama...
... polegar e dedo
indicador
em pinça
carregam o palito
doador do fogo...
... as mãos calejadas,
donas dos dedos,
pertencem ao caboclo
pescador ribeirinho...
-- corpo robusto,
bronzeado
e maltratado
pelo sol,
chuva,
calor,
carapanãs...
Lida diária
maré enche-para
vaza-para
enche novamente...
A tarrafa não só
captura
peixes, camarões, siris.
Captura – o ar
a luz
a água
o verde
o Sol.
Captura a dor
e a alegria
o voo das garças
o canto do sabiá
o marulhar das águas na enchente
e vazante
o “tum” do galho
seco n’água
do ‘garapé, tépida e cobreada
As nuvens
agasalhando a Lua,
protegendo-a do frio
e amenizando
a brasa solar
sobre a morenice cabocla
Enquanto estes versos
são pensados, o caboclo
apagou a chama do candeeiro...
Eu nem percebi...
Já está lá fora, canoa no rio, despescando matapis...