A cidade fria
A cidade fria, opaca e vazia
Me inspirava poesia
Casarões antigos, seculares e românticos
Pareciam dormirem silenciosamente
Ao som da chuva fria
Colares de luzes
Azuis, vermelhas, lilases e amarelas
Adornavam a cidade dos poetas
Em todas as vitrines
Os tons eram pálidos, marrons, opacos
Sóbrios, escuros e tristes
Ninguém se aventurava a usar algo alegre
Ninguém se atrevia a vagar pela noite colorida
Onde estão os loucos e os poetas?
Apenas um bêbado lusitano
Parecia entender o mistério daquela noite magica
Suas pernas trêmulas e tortas
Não importa
O que importa é que elas vão e vem
Dançando suavemente pelas ruas escorregadias
As quatro estações de Vivaldi
E num olhar nostálgico
Tudo parecia exalar poesia
E a chuva caia: cândida, mansa e serena
E embebecia a aldeia fria e vazia
Mas em cada canto e no menor recanto
Havia poesia