Caminhando nas nuvens

O entardecer era tão belo aquele dia

Iniciei a caminhada…

Pela praia que parecia deserta

Uma brisa fresca vinha do mar

E afagava todo meu corpo fragilizado

Pelas lutas cotidianas e pelas incertezas da vida

Enquanto há poucos metros

Um bando de gaivotas famintas

Disputavam entre si, algumas sardinhas feridas

Deixadas para trás pelos pescadores alentejanos

Os meus pés iam deixando uma estrada na úmida areia

Os meus passos se apressavam em caminhar

Não queria olhar para as coisas que ficaram atrás

Nem fixar os olhos nos ganhos e nas perdas

Não podia parar, precisava caminhar

Mas não sabia onde poderia chegar

Assim é a vida: um fio, um estalo, um sopro

Porém é infinita, eterna, imortal

A vida é um enigma misterioso

Que temos que decifrar a cada dia

E é preciso fazer de cada momento

Um século, um milênio, uma eternidade

E de mansinho a noite veio chegando

Envolvida nas névoas da escuridão

E continuava a eterna caminhada

E dentro de mim havia uma guerra que o mundo desconhecia

E aos poucos fui descobrindo que ainda havia esperança

E os meus olhos aos poucos foram desvendando

Que nem tudo estava perdido

E aprendi que, se a vida não for um dia de sol

Talvez poderá ser uma noite repleta de estrelas

E caminhei noite adentro

Pois tinha certeza que nas funduras do horizonte

Além da negra escuridão

Iria nascer um lindo amanhecer

Cheio de vida, cheio de cores, impregnado de luzes e repletos de amores

Antonio Magnani
Enviado por Antonio Magnani em 11/02/2016
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