Entre carros, poeira e baratas

Desperto com o sol na cara

Me encara e assim vai ser o dia

Olho pra cima, o sol ria

“Teu dia vai ser aquele dia!”

No vai e vem das borrachas

Em pé e com solavanco

Poeira em meu pranto

Nos meus pés baratas

Pés que me pisam e passam

Mãos que pedem e disfarçam

A estupidez de não se firmar

“Amém irmão”? Vamos doar!

Não!!!

Não tenho sangue de barata!

Mesmo com o “trec” da catraca

Aguento esse mesmo sol vingativo

Atento, calado, calmo e altivo

Esgotos a céu aberto e lixos espalhados

Vejo o dia e a noite, repetimos os passos

Sol, borracha, poeira, amém e catracas

Mas não nos esqueçamos das baratas!

(29 de agosto de 2015)