Dobrar os joelhos
a todos os santos
afundar nos enredos

pulsar e escorrer

pelo sangue da existência

a malemolência

que prende ao chão

às abissais incertezas
entranhadas de medo
aceso nas entranhas

que fica entre viver

ou se esconder

bom seria surfar pelos ais
gritar alto e de novo

fazer palpitar o coração

pular estranhas poças
enroscar-se nos redemoinhos

que corroem o ser
deixar-se levar pela correnteza

firme e determinada

com deslizes viscerais
põe de lado a patética vida

plana até ficar fatigada
margeia com muita calma

o prana em busca do nirvana

surfa para curar mágoas

mergulha no tubo
coberto de mar salgado:

as lágrimas

o enxágue é perfeito
do caos da alma

limpa
clarifica

tudo se aviva
nada dói mais

há de renascer

e mergulhar em vida.

 




 

Soninha Porto Flor
Enviado por Soninha Porto Flor em 23/02/2008
Reeditado em 28/07/2022
Código do texto: T872042
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