Dobrar os joelhos
a todos os santos
afundar nos enredos
pulsar e escorrer
pelo sangue da existência
a malemolência
que prende ao chão
às abissais incertezas
entranhadas de medo
aceso nas entranhas
que fica entre viver
ou se esconder
bom seria surfar pelos ais
gritar alto e de novo
fazer palpitar o coração
pular estranhas poças
enroscar-se nos redemoinhos
que corroem o ser
deixar-se levar pela correnteza
firme e determinada
com deslizes viscerais
põe de lado a patética vida
plana até ficar fatigada
margeia com muita calma
o prana em busca do nirvana
surfa para curar mágoas
mergulha no tubo
coberto de mar salgado:
as lágrimas
o enxágue é perfeito
do caos da alma
limpa
clarifica
tudo se aviva
nada dói mais
há de renascer
e mergulhar em vida.