Olhares
O olhar diz o que a boca não ousa
Revela segredos que a alma repousa
Grita silenciosamente em meio à multidão
E muitas vezes, carrega um não
Diz do medo que mora no peito
Da saudade que pesa, do tempo imperfeito
Diz do amor que nunca morreu
Dos sonhos que o mundo esqueceu
Há olhos que pedem, há olhos que imploram
Outros que queimam, que matam, que choram
Olhos que falam de dor sem palavras
Que guardam batalhas, que nunca se apagam
Há olhares que cortam mais que a lâmina
Que pesam na pele, que deixam marcas
Há os que disfarçam, mas nunca enganam
Pois mesmo no riso, a alma clama
O olhar diz da fome, da sede, do frio
Do homem cansado, do mundo vazio
Diz da força de quem resistiu
Dos passos que a vida ainda não mediu
É no olhar que o amor se confessa
Que a paixão devora, que a entrega começa
É nele que o ódio se faz tempestade
Que o desprezo cala, e a fúria arde
Mas há também os olhares que curam
Que acolhem, que acalmam, que nunca murmuram
Olhares que dizem: "Eu estou aqui"
Que seguram na alma para não cair
O olhar é espelho, é lâmina e abrigo
É guerra e é paz, é sonho e é grito
Quem sabe ouvir o que o olhar diz
Descobre verdades, que muitos querem mostrar
Mas que o mundo nunca quis.