“DEXEM-ME VIVER A VIDA”.
Deixem-me viver a vida!
Na resignação da saudade,
Que as vezes vem e se evade,
Num trajeto sem saída!
Apegada...
As fortes e tesas assas do vento,
E ter por vezes tais tormentos,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
Nas verdades que aprendi,
Ao chorar as coisas que perdi,
Nas chegadas e partidas!
Inerente...
De meu ser acabrunhado,
Liberto de erros do passado,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
Nesses abjurados caminhos,
Onde já provei de espinhos,
E de ilusões perdidas!
Despojado...
De confortos que aqui gozei,
E loucuras que enfim vivenciei,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
Divisando além da ansiedade,
Após vencer as tempestades,
No abraço das despedidas!
Em apêndice...
Do vigor que ainda me resta,
Convicto de aplainar arestas,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
Embora em amargas canseiras,
Por debater-se a vida inteira,
Já com forças suprimida!
Mui cônscio...
E distante do que sonha um jovem,
Conhecendo vigor que se dissolve,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
No contexto de tal banalidade,
Ao ver que o amor trás igualdade,
Obra por tantos esquecida!
Resiliente...
De recomeçar duelando se errei,
De contínuo iníciar onde emperrei,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
Embora já sem tanta empolgação,
Em transbordar de paz o coração,
De prosperidades imbuídas!
Apercebido...
Que a noite de mim se aproxime,
E o brotar desses medos me domine,
Deixem-me viver a vida!
Deixem-me viver a vida!
Sem prevaricar no que me resta,
E já sem pretextos a ter festas,
Primaveras não floridas!
Na certeza...
De enfim gozar de sã sobriedade,
Por tudo o que resta na verdade,
Deixem-me viver a vida!
Cbpoesias.
27/03/q2025.