O eterno no instante
Ó vida breve, dançando no ar,
Levas o corpo, mas não o luar
Que fica em nós, quieto a brilhar —
Chama que o tempo não pode apagar.
No teu andar, tão doce e fugaz,
Há um segredo que nunca se faz:
O instante é eterno, se o amor o traz,
E o silêncio canta mais que a voz.
Os dias voam, folhas no vento,
Mas o que fica é o amor, lento,
Como um rio, sereno e quente,
Lavando a dor, fazendo a gente.
Tempo, ladrão de horas vãs,
Levas o pó, mas não a luz
Que nasce em nós, de mãos dadas,
Eternidade em cada asa.
Por isso vivemos — não pra contar,
Mas pra sentir, amar, sem parar.
A vida é breve, mas o seu luar
É infinito... e há de ficar.