Rotina do Poeta

Penso a vida sonho o instante

Escrevo as dores sigo adiante

Imerso em versos fundo o brado

Atrevo a rima ao inesperado

 

Vento sussurra instiga o enredo

Sentidos dançam moldam o medo

Invento mundos traço o ensejo

Motivos pulsam no meu desejo

 

Liberdade chama acesa

No que é belo faz seu ninho

Canta o verso passarinho

Na amplidão da natureza

 

Pela estrada da beleza

Voa a rima sem fronteira

Sede pura verdadeira

De um poeta insaciável

Que no verbo inabalável

Transcende à luz primeira

 

Publico a alma risco o traço

Remonto o tempo em vão espaço

Pudico oculto mas não me iludo

Apronto o canto renasço mudo

 

Não se cala a voz que sente

Nem se dobra a consciência

Cósmica em fraternidade

É o pulso da existência

Tece o sonho e sem demora

É a eternidade agora

 

Se o verso é livre mas frio e vão

No amor poético faz-se oração

E só no encanto que o toque encerra

O verbo alado floresce em terra

 

Decimar da Silveira Biagini

19 de março de 2025