OS PRAZERES MENORES
Ah, os prazeres menores,
esses fugidios,
que não se anunciam com trombetas,
nem se vendem em vitrines.
São eles que nos habitam,
que nos fazem sentir sem que percebamos.
A felicidade?
Uma ilusão, uma miragem.
Não há um estado eterno de contentamento,
apenas lampejos,
breves instantes em que a vida nos sussurra:
"Está tudo bem, por agora."
Sorrir de uma piada sem graça,
aquela que ninguém ri,
mas você ri sozinho,
porque o riso não precisa de motivo.
É um ato de rebeldia,
um desafio à seriedade do mundo.
Ver o sol nascer,
não como um espetáculo,
mas como um segredo.
O céu que se abre em cores que não têm nome,
e você ali,
sem aplausos,
sem fotos,
apenas presente.
O entardecer,
quando o dia se despede sem pressa,
e o ar fica morno,
e o tempo parece parar.
Não é grandioso,
é íntimo.
É o mundo se recolhendo,
e você,
um espectador silencioso.
A chuva caindo no telhado,
em uma noite simples,
quando não há nada para fazer,
e tudo está quieto.
O som da água escorrendo,
um ritmo antigo,
que não precisa de significado.
É só isso:
a chuva,
o telhado,
e você.
Esses são os momentos que importam,
os que não se contam,
porque não são histórias,
são sensações.
Não se postam,
não se comparam.
São seus,
e de mais ninguém.
A vida não é feita de grandes conquistas,
mas desses pequenos prazeres,
que não cabem em palavras,
mas cabem em você.
Eles não prometem felicidade,
porque felicidade é uma mentira.
Prometem apenas existir,
e isso,
isso já é o bastante.