A medida certa

A medida certa

Denise Reis

Sou indelicada de lírios -

Rosa icônica de aroma passível,

Coração onipotente de mel.

Me descobri outra dentro de carícias atemporais.

O fascínio pelos verbos intransitivos -

Me obriga a conjugar o destino

No futuro do subjuntivo,

E a não medir amores com profundidade de rio.

Sou mar em miragem desértica,

Talvez uma impressão intangível do nada,

Ou uma intrigada e curiosa alma

Que vê ao longe um ideal nascido da pedra,

Que significa mais que a vida sussurrada.

Às vezes sou vento que ondeia a paisagem,

Diante da adaga, sou coragem,

Plantando intangíveis horizontes,

Não me tenham como musa inocente

Ou "dona" melancólica encantada...

Sob as estrelas sou implacável astronauta dos desejos,

Em cálices ofertados - degustar a loucura das madrugadas,

Não me meçam a palmos com olhos fechados,

Consisto em tudo que não tem idade,

Sou a medida certa do que não cabe em palavras.