Loucura poética
Ah!... A loucura! Tantos poetas declaram seu amor ao ser louco; no entanto, tão poucos loucos declaram-se amados pelos poetas. “Loucuras de amor, de paixão”. Fogo que arde sem se ver, num fingimento que tenta parecer que é dor, a dor que deveras sente, consente, mente e, de repente, um louco pula de um edifício.
– Era um poeta? – questiona alguém.
– Não! – responde o enfermeiro. – Era esquizofrênico.
Será que Camões o abraçou em seu sofrimento? Será que, antes de pular, ele ouviu os sermões de Cervantes servindo-lhe de consolo? Solo, terra, sola, escritura, solitude, solidão.
Nos manicômios, os avatares dos poetas dando as mãos, ausentes de rima e métrica, continuam a inspirar os mais lindos e icônicos versos. Do manicômio, poetas práticos, em seus mundos fantásticos, mágicos, sádicos, trágicos…
– Se um dia eu ficar louco, por favor, não me escrevam poesias.