O Acidente da Vida

Eis que a vida, em seu capricho ardente,

Traça linhas tortas no papel do existir,

Um tropeço, um rasgo no fio da mente,

E o destino, impiedoso, põe-se a rir.

Era um dia como outro, tão banal,

Mas o acaso, em sua sombra tão fria,

Fez da sorte um espelho desigual,

Quebrando sonhos na luz do meio-dia.

Oh, cruel ironia dos dias vadios,

Onde o instante espreita, pronto a ruir!

Um grito silente no breu dos vazios,

O sopro da alma começa a partir.

E tudo o que fomos—pó e memória—

Despenca, sem pressa, no abismo sem cor.

O que resta, senão a eterna história

De amores perdidos, do efêmero ardor?

Mas, ah! A flor renasce do chão partido,

Pois até na dor há lume e beleza.

A vida é um acidente bem vivido,

Um mosaico de ruínas e nobreza.

hewie
Enviado por hewie em 08/01/2025
Código do texto: T8237028
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