ENTRE SILÊNCIOS E REFLEXÕES
Gosto do silêncio, do eco da solidão,
Onde minha mente vagueia sem direção.
Recrio instantes de uma felicidade perdida,
Tentando aquecer essa alma tão sofrida.
Cético, caminho por entre crenças despidas,
Verdades ditas, mas todas parecendo falidas.
Leio palavras, mas elas logo se vão,
Como areia escorrendo da mão.
Festas me afastam, sua luz é vazia,
A multidão ecoa uma falsa alegria.
Prefiro meu canto, a paz do meu lar,
Mas a família insiste em me buscar.
Conversas sem peso, diálogos tão fracos,
Enxerguei a futilidade em tantos atos.
Deixei o material, busco algo mais,
Um sentido perdido em dias banais.
Mas há um refúgio, um respiro do chão,
Na filosofia encontro alguma direção.
Uma noite que ilumina o breu da rotina,
Um lembrete sutil de que a vida ainda ensina.
A velhice chegou, com seu toque gelado,
Deixou-me um gosto amargo e pesado.
Às vezes me vejo num estado tão estranho,
Um morto vivo ou um vivo em engano.
E ainda assim, nesse turbilhão de dor,
Há um fio que pulsa, um lampejo de amor.
Talvez a resposta esteja no que ficou,
No que o silêncio da alma me mostrou.
Tião Neiva