Não trago nada
não quero esses encontros
esbarrões
solavancos
falhos e frios
totalmente sem sentido
você lembra do meu nome?
onde foi que me deixou?
de você eu quero nada
de mim, amor
promessas embrulhadas
num pedaço de papel
se hoje pra ti sou nada
amém não serei fel
não murmuro
nem corroo
não me prendo
nunca volto
se me soltar, retorno
se me prender, fujo
esse sorriso amarelo
facetado de cinismo
você nunca foi abrigo
morada
alento
foi surto do momento
eufemismo desenfreado
no lugar do seu buraco
plantei flor
ou erva-daninha
mas a colheita é minha
não plante os seus pés
bem-me-quer
mal-me-quer
na verdade não importa
se você fecha uma porta
eu arrombo a janela
seu choro não tem vela
nem córrego fluente
meu peito é ardente
queima quem o adentrar
mas não sou de recuar
nem desejo mau agouro
não carrego tua dor
eu sou chama que ilumina
no peito não há rancor
só a casca da ferida
segue teu caminho em paz
que o meu já está traçado
sou quem fui e quem serei
e você? apenas passado