Não trago nada

não quero esses encontros

esbarrões

solavancos

falhos e frios

totalmente sem sentido

você lembra do meu nome?

onde foi que me deixou?

de você eu quero nada

de mim, amor

promessas embrulhadas

num pedaço de papel

se hoje pra ti sou nada

amém não serei fel

não murmuro

nem corroo

não me prendo

nunca volto

se me soltar, retorno

se me prender, fujo

esse sorriso amarelo

facetado de cinismo

você nunca foi abrigo

morada

alento

foi surto do momento

eufemismo desenfreado

no lugar do seu buraco

plantei flor

ou erva-daninha

mas a colheita é minha

não plante os seus pés

bem-me-quer

mal-me-quer

na verdade não importa

se você fecha uma porta

eu arrombo a janela

seu choro não tem vela

nem córrego fluente

meu peito é ardente

queima quem o adentrar

mas não sou de recuar

nem desejo mau agouro

não carrego tua dor

eu sou chama que ilumina

no peito não há rancor

só a casca da ferida

segue teu caminho em paz

que o meu já está traçado

sou quem fui e quem serei

e você? apenas passado

Juliana Bruns
Enviado por Juliana Bruns em 19/12/2024
Código do texto: T8222776
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