Aqueles caminhos
Aqueles caminhos, agora penso,
Agora que tudo virou memória.
Tive um compromisso naquele dia,
E me vi muito longe... Muito longe mesmo.
Meu Deus! Eu que sempre fui desta cidade
Achei-me perdido naqueles caminhos distantes...
Não sei se ia para a direita ou a esquerda,
Se seguia as telhas das casas, ou o verde dos arbustos.
— Se recorria a ajuda alheia,
Ou se seguia por uma rua lamacenta.
A claridade do céu,
O caminho imenso.
Onde fica minha casa?
Aqui tão distante, na minha cidade,
Pareço estar em outro continente.
Meu coração em pedaços,
Minha mente em tempestade.
Que belo perde-se assim,
Com um pequeno desespero,
Agora que vivo bem isento,
De qualquer plano ou objetivo.
Mas quero chegar em casa,
Devo chegar em casa...
Neste bairro que me é tão diferente,
As pessoas como cães brabos;
Se pulo uma cerca, subo no muro?
Não quero dormir no relento.
Mas quero também perder-me
Um dia que outro,
Nos bairros distantes,
No que não é minha casa.
O meu bairro, a minha rua,
A minha dona Cecília que fala do tempo.
A dona Cecília de lá eu não conheço.
Mas quero vez ou outra conhecê-la
Para mudar um pouco os ares,
E ver os cães indo e vindo
Cães de outros bairros,
Esses bairros que dizem ser perigosos
Durante a noite. Onde fica, Jesus!
Onde fica a minha casa? E a Dona Cecília,
A falar do tempo,
Ou de um caso de família.
Onde fica a minha dona Cecília?
E meus cães de rua e meus gatos,
E meus caminhos de ida e vinda...
Já sei, vou escolher um caminho,
E vou seguir. Oh, senhora, tudo bem?
Vim para cá num compromisso
E me perdi. Onde fica a avenida Brasil?