Bipolar
Esta dor pode não ser o fim, mas o início disfarçado
É como a maré que se esconde sob o véu da neblina
É o peso que me dobra, o silêncio que me encontra,
E em cada suspiro, algo por entender se inclina.
Por que eu? Pergunto, mas a resposta se dissolve,
Como a bruma que se desfaz ao primeiro raio.
O que busco, talvez, esteja no que me envolve
Naquilo que me desfaz e, ainda assim, me apanha no cais.
Quem sou eu, se não as perguntas que me habitam?
Quem sou eu, se não as dores que me moldam?
Talvez a cura não seja encontrar as respostas,
mas aprender a aceitar apenas as perguntas
Porque, afinal, a cura não é a ausência da dor,
Mas o entendimento do que ela veio trazer,
Será que a doença é apenas a forma que Deus
Escolheu para me ensinar a viver?
Às vezes, o peso não pesa, mas me eleva
Às vezes, o caos é a ordem ainda intocada.
Em cada queda, uma lição que me conforma,
E nos erros, um mapa que me convida à estrada.
Eu caminho, mas o destino é um mistério quieto,
Nem o que me espera... nem o que me espera em silêncio.
É na sombra que aprendo a enxergar o que sou,
E no que se perde, algo encontro, profundo e intenso.
Será que a perda é o preço do que virá?
Será que a dor é a marca que me aponta o caminho?
A cura não é o fim, mas o que se desvela,
No movimento de Ser, no renascimento do meu próprio espinho.
No espelho fundo, a imagem é um fragmento,
Às vezes clara, às vezes turva, mas sempre inquieta.
Este reflexo ainda não entendo,
Mas ele me chama, com a promessa de uma vida completa.
Talvez a cura seja viver com isso
Com o que não se explica, mas se sente, se carrega
E o que me corrói, me transforma, me lapida,
Na dança silenciosa de quem, no caos, se refaz e se enlaça.
E no movimento errático dos altos e baixos,
Entre o barulho e o silêncio
Eu me descubro, me busco, me refaço,
E talvez, no fim, a doença seja o que me leva à vida