Garçom
A cena é uma ópera embriagada
O bebum se perde na madrugada
O garçom, cansado, só quer ir embora
Mas a noite insiste, ignora a aurora
A chuva lá fora, batendo no chão
Parece marcar o compasso da confusão
A puta que chega, com risos no ar
Transforma o bar num estranho altar
Um cavalheiro não nega um brinde à sorte
Principalmente àquelas que desafiam a morte
Pega o conhaque, enfrenta o desvario
E espera que o sol dissolva o vazio
O tempo se estica, os copos se esvaziam
As vozes se cruzam, as mágoas se aliviam
A puta se vai, cansada de esperar
E o bebum decide: “Vou continuar"
O garçom, com olhos de pura agonia
Pensa no patrão e na demissão que viria
Mas o que fazer, com a garrafa na mão
Senão brindar ao caos e à contradição
Um cavalheiro não nega um brinde à morte
Principalmente as que desafiam a sorte
Pega o conhaque, esquece o lamento
E brinda à loucura de cada momento
Agora é meio-dia, o relógio não mente
Mas o bar parece um mundo diferente
Trabalhar? Que ideia! Não há condição
O que importa é o conhaque e a contradição
E assim segue a saga, até o fim do dia
Entre goles e risos, sem melancolia
O bebum e o garçom, num pacto sem fim
Brindam ao absurdo que os uniu assim