Garçom

A cena é uma ópera embriagada

O bebum se perde na madrugada

O garçom, cansado, só quer ir embora

Mas a noite insiste, ignora a aurora

A chuva lá fora, batendo no chão

Parece marcar o compasso da confusão

A puta que chega, com risos no ar

Transforma o bar num estranho altar

Um cavalheiro não nega um brinde à sorte

Principalmente àquelas que desafiam a morte

Pega o conhaque, enfrenta o desvario

E espera que o sol dissolva o vazio

O tempo se estica, os copos se esvaziam

As vozes se cruzam, as mágoas se aliviam

A puta se vai, cansada de esperar

E o bebum decide: “Vou continuar"

O garçom, com olhos de pura agonia

Pensa no patrão e na demissão que viria

Mas o que fazer, com a garrafa na mão

Senão brindar ao caos e à contradição

Um cavalheiro não nega um brinde à morte

Principalmente as que desafiam a sorte

Pega o conhaque, esquece o lamento

E brinda à loucura de cada momento

Agora é meio-dia, o relógio não mente

Mas o bar parece um mundo diferente

Trabalhar? Que ideia! Não há condição

O que importa é o conhaque e a contradição

E assim segue a saga, até o fim do dia

Entre goles e risos, sem melancolia

O bebum e o garçom, num pacto sem fim

Brindam ao absurdo que os uniu assim

Junior Lima (Messias)
Enviado por Junior Lima (Messias) em 22/11/2024
Código do texto: T8203112
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