Prêmio de consolação
Você prefere a companhia de fantasmas
Seres de fumaça sem qualquer compromisso
Com o que é real para você
Existências maleáveis e facilmente manipuláveis
Incapazes de serem parceiras de contrato
Para vínculos vitalícios, que você pode muito bem
ignorar a seu bem querer
Você não adentra a carne
A ponto de visualizar as emoções
Contidas em peito e cabeça
Que correm pela corrente sanguínea
Você não quer conectar com elas
Você almeja apenas parar na superfície da carne
E tirar dela ingrediente para gerar
A dopamina que gera um conforto tão prazeroso
No seu cérebro
Você não objetiva
A permanência, a persistência
De um lugar, uma comunidade
Não quer deixar seu nome
Muito menos o que te tornaria
Tão especial ou memorável
Você prefere o inconstante
O líquido, o temporário
Destas situações, tu sempre sairá
Como o perdedor
Pois os fantasmas não tem a fidelidade
De seres sólidos
A dopamina sempre se esvai
Deixando de esconder a miséria emocional
Que você tanto se esforça para suprimir
E os coletivos de pessoas não se lembram
De visitantes
Como prêmio de consolação
Você terá uma passagem só de ida
Para o esquecimento, o ostracismo
Para tudo que apaga qualquer sinal
Da sua existência dentre nós