Prêmio de consolação

Você prefere a companhia de fantasmas

Seres de fumaça sem qualquer compromisso

Com o que é real para você

Existências maleáveis e facilmente manipuláveis

Incapazes de serem parceiras de contrato

Para vínculos vitalícios, que você pode muito bem

ignorar a seu bem querer

Você não adentra a carne

A ponto de visualizar as emoções

Contidas em peito e cabeça

Que correm pela corrente sanguínea

Você não quer conectar com elas

Você almeja apenas parar na superfície da carne

E tirar dela ingrediente para gerar

A dopamina que gera um conforto tão prazeroso

No seu cérebro

Você não objetiva

A permanência, a persistência

De um lugar, uma comunidade

Não quer deixar seu nome

Muito menos o que te tornaria

Tão especial ou memorável

Você prefere o inconstante

O líquido, o temporário

Destas situações, tu sempre sairá

Como o perdedor

Pois os fantasmas não tem a fidelidade

De seres sólidos

A dopamina sempre se esvai

Deixando de esconder a miséria emocional

Que você tanto se esforça para suprimir

E os coletivos de pessoas não se lembram

De visitantes

Como prêmio de consolação

Você terá uma passagem só de ida

Para o esquecimento, o ostracismo

Para tudo que apaga qualquer sinal

Da sua existência dentre nós

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 19/11/2024
Código do texto: T8200145
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