A Condição Humana
I
Não deve-se esperar
O reconhecimento daqueles
Que amamos
Quiçá, depois que partirmos
Talvez alguém entoe um cântico
Alguém componha uma canção
Preste singela homenagem
Mas, no fim, nada valerá
Os mortos não ouvem
II
Do túmulo, pode brotar uma flor
Tímida e pálida, mas flor
Última lembrança de uma era
Que findou no dia, na aurora
Alguém a arrancará
A levará para lugar distante
Iremos também
Mesmo que a contragosto
III
Não espere o amor tranquilo
Pois este só existe no mar de silêncio
Mar de lápides e jazigos
Que escondem a torpeza humana
Se amar, ame com furor, com élan
Se fizer o bem, esqueça a gratidão
Assim, sua vida será plena
E ditosa
2007