CANÇÃO BREVE
p/ meu sobrinho Pietro Miguel
As conchas das mãos
Mãos em conchas sobre o riacho
fonte de Hipocrene — refletem
os olhos o rosto — castanhos
o mesmo rosto de tantos
sonhos e Silvas
Ainda não sabe da palavra
a palavra que grita e canta
não queres saber
— sabe
intui algo da pedra:
nem anjo nem verso
A vida a sua carnatura concreta
Não Hélicon nem nada de Pégaso
Que poderei eu ensiná-lo?
Um ritmo uma métrica solta
talvez
um tanto das musas e mitos
das horas e dias
algo de Deus — o mistério
o mistério de todos
os cantos uníssonos.
(Poema do meu livro de estreia —trabalho em andamento)