Multidão de mim
O sol entrou em casa
Sem convite, mas solene.
Expulsou o mofo das paredes
E me ordenou a contemplar
O seu presente diário: presença e calor.
Ainda assim, meus ossos sentiram
O peso dos dias e do acúmulo de vida
E a manhã se fez preguiçosa.
Mas à tarde, dançarei com meus demônios
E os convidarei para um vinho.
Nunca mais os expulsarei
Eles me sussurram segredos sobre mim
E desmentem as minhas narrativas “perfeitas”.
À noite, convidarei os fantasmas
Para a minha queen size
E eles me respeitarão pela minha audácia
E me recompensarão com cafuné e silêncio.
Talvez amanhã, eu mesma convide o sol
Para um passeio com essa multidão de mim.